Por que a Holanda?

Ou seria, por que não a Holanda?

VIDA NA HOLANDA

8/7/20233 min read

No dia em que completo 3 anos desde que aterrisei na Holanda com 3 malas de 23 kg, uma criança e um marido numa época onde andar de máscara e fazer quarentena de 10 dias após viagens ao exterior ainda eram obrigatórios, escrevo sobre as razões que me trouxeram aqui, tão distante do que chamávamos de casa, no interior de São Paulo.

Ainda lembro em cores vivas do processo de decisão da nossa mudança e daquela última conversa que meu marido e eu tivemos sentados no sofá, na qual pesamos prós e contras, fizemos cálculos, e decidiámos por nós e pela nossa filha, com 3 anos na época, qual caminho tomaríamos a partir dali. Embora a vontade de morar no exterior sempre tivesse sido um dos assuntos mais conversados em nossa casa, o momento da decisão surpreende e revela os medos que nunca tivemos que enfrentar em ambiente de teste, aquele que começa com "e se...".

E foi justamente esse "e se..." que nos trouxe a Holanda. Na balança dos prós e contras, viver uma vida pensando o que poderia ter sido se tivessemos ido nos assustou muito mais do que as dificuldades que teriamos ao vir.

Eu já contei essa história em alguns podcasts que participei (episódio #44 do https://www.sembikeemamsterdam.com/podcast e Histórias de Imigração do @casalnagringa), sobre porque a Holanda entrou na nossa lista de possíveis lugares para viver. Nós já conheciamos Amsterdam, mas não muito sobre o país em sí. Penso que Amsterdam é a Broadway holandesa. Muita gente, muito estímulo, muito turistíca. A verdadeira Holanda se mostrou muito mais autêntica ao longo desses anos pra mim.

Lembro que naquela conversa (aquela decidiva que contei a vocês acima), meu maior ponto contra morar fora era a saudade que sentiria da minha família. Especificamente da minha mãe e do meu irmão. Nossa convivência sempre foi muito próxima e eu não conseguia imaginar como seria a vida sem poder estar com eles quando quisesse. Para mim, era fundamental que houvesse um voo direto do país escolhido para São Paulo. Valia Estados Unidos, França, Portugal, Espanha, Alemanha, e por aí vai. Nesse critério, Holanda foi acrescentada a nossa lista, e Suécia, Dinamarca e Estônia foram excluídas. Ah! Também excluimos o Japão. Cito o japão pois muitos colegas nossos do ramo aeronáutico foram para lá com propostas financeiras bem interessantes. Mas estar tão distante não era tão atraente para a gente. Queríamos ver a família sempre que eles nos precisassem e também mantermos uma frequencia de idas ao Brasil para que nossa filha pudesse ser paparicada pelas avós e tios.

Outro ponto fundamental era estar em um lugar de onde fosse fácil viajar. Que tivesse uma boa oferta de voos, boas estradas, uma companhia aerea que nos ligasse a varios destinos. Viajar sempre foi uma prioridade na nossa vida. Nos faz feliz, nos faz sentir vivos. E, claro, para viajar precisavamos de bons salários. Esse critério, fez com que Portugal e Espanha, nesse momento, não fossem tão interessantes, pois o salário médio é menor comparando com os outros que mencionei. Estados Unidos também ficou em segundo por ter poucos dias de férias na maioria dos contratos de trabalho.

Estávamos sempre de olho em oportunidades de trabalho, participei de algumas entrevistas para outros países, mas veio do contato de uma head hunter holandesa a primeira vez que nos perguntamos "Por que não a Holanda?". A oportunidade era para o meu marido, e não pra mim e daquela primeira conversa com a head hunter em diante começamos a olhar o país com mais curiosidade e carinho. Vimos fotos do seus lindos campos de flores e frutas (sempre com um sol ao fundo, o que se mostrou ser uma propaganda bem enganosa ao longo do tempo rs), ficamos empolgados em aprender um novo idioma, pesquisamos sobre as escolas e o ensino, fizemos diversas contas sobre o custo de vida... E assim a Holanda virou nosso foco.

Daquele primeiro contato, outras entrevistas se seguiram, algumas com boas devolutivas e outras com devolutivas frustrantes, mas seguimos.

Olhando esses 3 anos que se passaram, da família assustada no aeroporto, das mil decisões que tomamos para adaptar nossa vida brasileira a uma vida na Holanda, a essa atual realidade que faz sentido pra gente, de uma mistura cultural regada a oportunidades ímpares, percebo que não há um único arrependimento da escolha que fizemos.

Morar na Holanda não é fácil, o idioma é difícil, o tempo não ajuda, os holandeses não são sempre recepetivos nem fazem muita questão em nos fazer sentir acolhidos, mas, se você souber focar nos pontos certos, esse país pode ser incrivelmente fascinante para viver.