Descobrindo a Bélgica cervejeira

Quem disse que viagem para cervejeiros não pode ser em família? A Bélgica pode ser um destino incrível, cheio de história, paisagens lindas e, claro, muita cerveja boa! Mas calma, não se preocupe se você estiver com os pequenos: a gente te mostra como adaptar esse paraíso cervejeiro para uma aventura em família inesquecível! Decidimos conhecer Namur, Dinant e algumas pequenas cidades cervejeiras da região em 4 dias. Partindo do sul da Holanda, nossa viagem durou 2 horas de carro (sem pedágios). Para quem parte de Bruxelas, a capital do país, a viagem leva 1 hora de carro (ou onibus municipal).

Namur: Uma Cidadela e Muita História

Escolhemos Namur para ser nossa base, já que é uma das maiores cidades da região. Com crianças, é sempre bom ter opções de onde comer fora de hora, ou um supermercado aberto após as 18h. Geralmente é assim que escolhemos onde vamos ficar. Nos hospedamos no Hotel ibis Namur Centre. Boa opção com estacionamento, bem próximo ao centro da cidade (é possivel caminhar até a Cidadela).

Uma breve caminhada ao centro nos mostrou uma cidade limpa, organizada, com um centro comercial bem vibrante. E claro que não poderia faltar a chuva. A chuva foi a deixa perfeita para o almoço. E embora a carbonade flamande e a moules frites sejam famosos por aqui, encontramos uma portinha (sério! é um micro restaurante) de comida Síria chamado East Side Story com o melhor falafel que já comi.

A principal atração de Namur é sua imponente Cidadela no topo de um morro. É possível subir de teleférico por €8 (confira o valor atual no site), mas se você está com o cardio em dia, sugiro subir a pé e passar pelos antigos túneis da cidadela. Em seu topo, um forte, um teatro e alguns canhões dão uma ideia da vida em outros tempos. Ao longo dos séculos, cidadela foi reconstruída e expandida diversas vezes. Durante a Idade Média, tornou-se um importante centro de poder e foi alvo de inúmeras batalhas e cercos. Sua localização a tornava quase impenetrável.

A baixinha curtiu os labirintos formados pelas antigas entradas (e as batatas, claro!).

Mas, se você está com crianças e idosos, talvez o uso do teleférico seja mais recomendável. Os paralelepipedos podem ser um pesadelo com carrinho de bebê. Além disso, a subida não é bolinho. Compramos a motivação da minha filha com batatas fritas, praticamente uma instituição Belga.

Ainda partindo de Namur, cerca de 45 minutos de carro ao sul, uma opção legal de passeio é conhecer a Grottes de Han. Essas são uma das maiores atrações naturais da Bélgica: cavernas subterrâneas formadas pela erosão da água (ingressos a partir de €29 disponível no site).

Mas e as cervejas?

Nossa idéia era terminar o dia no Barnabeer. Um bar no centro da cidade com mais de 300 rótulos de cervejas belgas. Mas o cansaço bateu e compramos suprimentos (aka cervejas) no mercado em frente ao hotel. Entre elas a cerveja mais famosa da cidade: Blanche de Namur.

Dinant: A Cidade do Jazz

Dinant é uma cidadezinha charmosa às margens do rio Meuse. Lembra muito algumas cidades alemãs que beiram o rio Mosel. Além do centro histórico e do teleférico que te leva até a cidadela (sim, também tem uma cidadela), a atração principal aqui são as cervejarias e a "Grotte de Dinant La Merveilleuseé". A gruta tem uma história muito legal e se você tiver tempo, vale a pena conhecê-la. Dizem que durante a guerra, a população da cidade se escondeu na gruta para escapar do exército alemão.

A cidade é bem fácil de ser explorada à pé. Estacione em um dos estacionamentos locais próximos a estação de trem e atravesse a ponte do saxofone em direção a cidadela. Aliás, Dinant é a cidade de nascimento de Adolphe Sax, o inventor do saxofone.  A cidade possui um museu dedicado à vida e obra dele (bem simples por sinal) onde é possível conhecer a história do saxofone. Sinceramente, a ponte é mais interessante do que o museu. Ainda na parte baixa, entre na Notre Dame de Dinant e se deixe impressionar pelos vitrais com as principais passagens biblícas.

Uma pausa pro almoço foi bem vinda e necessária. Comemos um balde muito bem servido de moules marinière, uma receita de bem saborosa de mexilhões ao vinho branco, no Chez Bouboule.

Satisfeitos, seguimos para a cervejaria Maison Leffe (cerca de 15 minutos à pé do centro). Aliás, se estiver de carro, a região da cervejaria parece bem simples para estacionar. A Maison fica em um antigo mosteiro transformado em museu interativo e hotel. Os ingressos de €15 incluem a entrada no museu, a degustação e um brinde: uma bela taça de cerveja (pra mim o melhor do passeio). Uma coisa que desconbri é que a Maison Leffe não é o mosteiro original da cervejaria. Esse, fica do outro lado da cidade e chama-se l'Abbaye de Leffe. É essa abadia que aparece nos rotulos das cervejas (última foto abaixo).

Não se esqueça que no @nossavidalafora publicamos nossas viagens em tempo real. Essas e outras dicas ficam sempre salvas em "Destaquest". Segue por lá também!

Embora vários guias da Bélgica digam que a Brasserie d'Achouffe, produtora da cerveja La Chouffe (aquela dos doendes), fique na cidade de Dinant, saiba que isso não é verdade. A cervejaria fica há 1 hora de carro da cidade).

Chimay: A Terra dos Monges Cervejeiros

Chegamos em Chimay, a micro cidade que dá nome a uma das melhores cervejas do mundo. Na verdade, a Chimay cervejaria não fica no centro da cidade de Chimay. Aliás 2, a abadia de Chimay não é a que produz a cerveja. No GPS, inclua a "Espace Chimay - Chimay Experience". Lá, um mini museu e um mega restaurante formam uma especie de centro de apoio ao turista da cervejaria. A Abadia de Scourmont, que é a real produtora da cerveja fica próxima ao centro de apoio. Uma grande vantagem do centro é um parquinho gigantesco que tem aos fundos. Os papais agradecem.

Maredsous: Uma surpresa no caminho

A essa altura você já percebeu que a Bélgica não é só um país que fabrica cervejas. Ela também é o país conhecidamente mais famoso onde os mosteiros fabricam cervejas. Não quero nisso entrar no mérito se são ou não são cervejas Trappistas (para não me alongar muito na história), mas fato é que ao parar nessas cervejarias mais famosas, acredite, vai ter um mosteiro ao lado. E existe uma razão econômica para isso, já que muitos dos mosteiros tinham um papel quase que social de fomentar a economia de pequenas cidades na europa. O Mosteiro de Maredsous não é diferente. Além da abadia e da cervejaria, o local possui um lindo jardim e um museu, perfeito para um passeio em família. Além disso, em termos de estrutura,é um dos maiores centros de turismo cervejeiro da região. Tem até uma padaria com pães de malte e queijos feitos também pelos monges.